Para Souza o nível de conflito parental é um fator
significativo para a adaptação dos filhos e para o relacionamento pais-filhos. Separações
litigiosas, falta de diálogo e o não-cumprimento das combinações que envolvem
os filhos dificultam o processo do divórcio dos pais. A retomada do desenvolvimento
dos filhos está associada à constatação de que a separação que se efetivou é
conjugal e não parental. (HACK; RAMIRES, 2010).
Féres-Carneiro, Dantas; Jablonski e Féres-Carneiro compartilham do pensamento de que o comportamento dos pais influencia no
processo de adaptação dos filhos frente à situação do divórcio. A situação mais
penosa para os filhos é aquela em que as mães estão insatisfeitas com os pais,
embora ele visite os filhos frequentemente. Pode existir certa ambivalência na
postura das mães: por um lado, elas exigem que os pais participem mais
ativamente e responsavelmente na educação dos filhos, por outro, existe uma
resistência em deixá-los agir. O ideal é que haja encontro freqüente do filho
com o pai e que a mãe esteja satisfeita. (DANTAS; JABLONSKI; FÉRES-CARNEIRO,
2004).
A dificuldade das mães em lidar com o divórcio, até mesmo
pelo próprio processo de desvincular-se do relacionamento, pode contribuir para
dificultar o convívio entre pai e filho, a partir de uma interferência da mãe.
(DANTAS; JABLONSKI; FÉRES-CARNEIRO, 2004). “O pior conflito que os filhos podem
vivenciar, na situação da separação dos pais, é o conflito de lealdade
exclusiva, quando exigida por um ou por ambos os pais.” (FÉRES-CARNEIRO, 1998).
Féres-Carneiro, Ponciano e Magalhães (2007) pontuam que
independente da configuração familiar, a família continua a existir como um
grupo afetivo. O término do
casamento põe fim ao casal, e não ao papel dos pais. Os
filhos são diretamente influenciados pelo comportamento dos pais, no que diz
respeito tanto ao modo como se comportam em relação a eles, quanto pela maneira
como se relacionam com seus ex-cônjuges. Assim, o filho que se vê colocado no
meio das brigas dos pais pode, em algum momento, ficar confuso por não saber de
quem deve tomar partido ou em quem pode confiar. (DANTAS; JABLONSKI;
FÉRESCARNEIRO, 2004).
Brito destaca em sua pesquisa que aqueles filhos
que se sentiram como joguetes nas mãos dos pais, vivenciaram um grande mal
estar. O bom relacionamento dos pais promove tranqüilidade e segurança nos
filhos, sendo fundamental levar em consideração a relação entre os pais, quando
se almeja o bem estar dos filhos. (DANTAS; JABLONSKI; FÉRES-CARNEIRO, 2004). Ramires ressalta que o tipo de vínculo que as crianças estabelecem com seus pais
é um importante fator de resiliência no enfrentamento das transições familiares.
Para Souza a existência do
vínculo seguro entre as crianças e pelo menos uma pessoa significativa é um
fator que pode contribuir com grande significância na proteção e fortalecimento
da resiliência na criança.
Sendo assim, discorro sobre a resiliência familiar e
aponto-a como uma possível saída para a superação do divórcio dos pais. Você
sabe o que é resiliência? Falarei sobre isso ao longo dessa semana.
Referências bibliográficas:
SOUZA,
Rosane. Depois que papai e mamãe se separaram: um relato dos filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, São Paulo, v. 16, n. 3,
p. 203-211, Set-Dez. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010237722000000300003&script=sci_abstract&tlng=pt>.
HACK,
Soraia Maria Pandolfi Koch; RAMIRES, Vera Regina Rohnelt. Adolescência e divórcio parental: continuidades e rupturas dos
relacionamentos. Psicologia
Clínica, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 85-97, 2010. Disponível em:
< http://www.scielo.br/pdf/pc/v22n1/a06v22n1.pdf>.
FÉRES-CARNEIRO,
Terezinha. Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto
Alegre, v. 11, n. 2, 1998. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721998000200014&lng=pt&nrm=iso&tl>
.
DANTAS,
Cristina; JABLONSKI, Bernardo; FÉRES-CARNEIRO, Terezinha. Paternidade: considerações sobre a relação pais-filhos
após a separação conjugal. Paidéia, Rio de Janeiro, v.14, n. 29, p.
347-357, 2004. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v14n29/10.pdf>.
FÉRES-CARNEIRO,
Terezinha; PONCIANO, Edna Lúcia Tinoco; MAGALHÃES, Andréa Seixas. Família e casal. In: CERVENY, Ceneide. Família em movimento. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2007. Cap. 1, p. 23-36.
BRITO,
Leila Maria Torraca. Família pós-divórcio: a visão dos filhos. Psicologia Ciência e Profissão, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p.
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SOUZA,
Marilza Terezinha Soares de. Família e resiliência. In: CERVENY, Ceneide Maria de Oliveira (Org.). Família e... comunicação, divórcio, mudança,
resiliência, deficiência, lei, bioética, doença, religião e drogadição.
São Paulo: Casa do Psicólogo,2004. Cap. 4, p. 53-84.
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