sexta-feira, 29 de junho de 2012

Canção de Amor


Ai, o amor é uma caixinha de surpresas
Um tigre de papel, uma tortura
Um jogo delicioso, uma armadilha
Que faz do criador a criatura

Ai, o amor é como um quarto de despejo
Um coelho que se esconde na cartola
Um grito silencioso de desejo
Um bolerão tocando na vitrola

Ai, o amor é como o gesto de um toureiro
Que ordena que a platéia se comporte
Enquanto a orquestra ataca um passo " double "
E sabe que caminha para a morte

Ai, o amor é uma colher de anfetamina
Uma mulher que aprende sem malícia
As regras delicadas do brinquedo
Uma cachaça, um caso de polícia

Ai, o amor é o delírio da torcida
Um fim de festa, louca fantasia
O lance que desvenda a face oculta
E o canto desvairado da alegria.

As Frenéticas
Composição: Astor Piazzola e Geraldo Carneiro

Música do dia



Bubuia
Já que não estamos aqui só a passeio
Já que a vida enfim, não é recreio
Eu vou na bubuia, eu vou
Eu vou na bubuia, eu vou
Flutuo, navegando, sem tirar os pés do chão
Trezentos e sessenta e cinco dias na missão
Na bubuia, eu vou
Eu vou na bubuia, eu vou
Subo o rio no contra-fluxo à margem da loucura
Na fé que a vida após a morte continua
Eu vou na bubuia, eu vou
Eu vou na bubuia, eu vou
Entoo uma toada em dia de noite escura,
Na sequência, na cadência, na fissura,
Eu vou na bubuia, eu vou
Eu vou, suave, bebendo água na cuia
Olho aberto, papo reto, o peito como bússula
Nenhum receio do lado negro da lua
Que me guia na bubuia
Eu vou na bubuia, eu vou
O destino é um mar onde vou me desfazer
Contente a deslizar na correnteza do viver
Na bubuia eu vou
Eu vou na bubuia, eu vou.
Céu

Fica Proibido


“Fica proibido chorar sem aprender,
levantar-se um dia sem saber o que fazer,
ter medo de suas lembranças.
Fica proibido não sorrir dos problemas,
não lutar pelo que se quer,
abandonar tudo por medo,
não converter em realidade os seus sonhos.
Fica proibido não demonstrar seu amor,
fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
Fica proibido deixar os seus amigos,
não tentar compreender o que viveram juntos,
chamá-los somente quando necessita deles.
Fica proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
fingir para elas que não te importas,
ser gentil só para que se lembrem de você,
esquecer todos os que te querem.
Fica proibido não fazer as coisas por si mesmo,
não crer em Deus e fazer seu destino,
ter medo da vida e de seus compromissos,
não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
Fica proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
esquecer seus olhos, seu sorriso,
só porque seus caminhos se desencontraram,
esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
Fica proibido não tentar compreender as pessoas,
pensar que as vidas delas valem mais que a sua,
não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
Fica proibido não criar sua história,
não ter um momento para quem necessita de você,
não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
Fica proibido não buscar a felicidade,
não viver sua vida com uma atitude positiva,
não pensar que podemos ser melhores,
não sentir que sem você este mundo não seria igual.”

Referência bibliográfica
Pablo Neruda, tradução de "Queda Prohibido".

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Terapia do elogio


Renomados terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram uma recente pesquisa onde nota-se que os membros das famílias brasileiras estão cada vez mais frios, não existe mais carinho, não valorizam mais as qualidades, só se ouvem críticas.

As pessoas estão cada vez mais intolerantes e se desgastam valorizando... os defeitos dos outros. Por isso, os relacionamentos de hoje não duram.

A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias de média e alta renda. Não vemos mais homens elogiando suas mulheres ou vice-versa, não vemos chefes elogiando o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos se elogiando, amigos, etc.

Só vemos pessoas fúteis valorizando artistas, cantores, pessoas que usam a
imagem para ganhar dinheiro e que, por conseqüência, são pessoas que têm a
obrigação de cuidar do corpo e do rosto. Essa ausência de elogio tem afetado muito as famílias.

A falta de diálogo em seus lares, o excesso de orgulho impede que as pessoas digam o que sentem e levam essa carência para dentro dos consultórios. Destroem seus casamentos, e acabam procurando em outras pessoas o que não conseguem dentro
de casa.

Comecemos a valorizar nossas famílias, amigos, alunos, subordinados. Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza de nossos
parceiros ou nossas parceiras, o comportamento de nossos filhos.

Vamos observar o que as pessoas gostam. O bom profissional, o bom filho, o bom pai ou a boa mãe, o bom amigo, a boa dona de casa. A mulher e o homem que se cuidam...

Enfim, vivemos numa sociedade em que um precisa do outro, é impossível se viver sozinho, e os elogios são a motivação na vida de qualquer pessoa.

Quantas pessoas você poderá fazer feliz hoje elogiando de alguma forma? Então elogie alguém hoje! Eu começo!!! Você é muito especial e com certeza o mundo é mais bonito... por causa de você!

Referência bibliográfica

Arthur Nogueira, psicólogo. Volta Redonda – RJ,  2010. 

Música do dia


Infelizmente, tive que me ausentar por um tempo aqui do blog. Muitas coisas pra fazer e tempo de menos pra resolver. Com isso o blog ficou prejudicado, mas agora estou de volta!

Deu vontade de publicar aqui algumas músicas que eu gosto e que me tocaram em algum momento da minha vida. Aos poucos vou postando outras...

A primeira é "Awake my soul" ( acorde minha alma), além da melodia ser deliciosa, dá para tirar boas lições da letra! É uma música de amor e de sofrimento, mas tem uma frase maravilhosa. "Onde você investe seu amor, você investe sua vida". Não é a mais pura verdade?!!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sobre as ilusões...


"Um dia, enquanto caminha pela rua, uma mulher de sucesso, diretora de Recursos Humanos, é tragicamente atropelada por um caminhão e morre.
Sua alma chega ao paraíso e se encontra, na entrada, com São Pedro, em carne e osso.
- Bem vinda ao paraíso - diz São Pedro. Antes que você se acomode, parece que temos um problema. Você vai perceber que é muito raro um diretor chegar aqui e não estamos seguros do que fazer com você.
- Não tem problema, deixe-me entrar.
- Bom, eu gostaria, mas tenho ordens do Superior.
- O que faremos é fazer com que você passe um dia no inferno e outro no paraíso, e então, poderá escolher onde passar a eternidade.
- Então, já está decidido. Prefiro ficar no paraíso, diz a mulher.
- Sinto muito, mas temos nossas regras.
E assim, São Pedro acompanha a diretora ao elevador e desce, desce, desce, até o inferno.

As portas se abrem e aparece um verde campo de golfe. Mais distante um belo clube. Lá estão todos os seus amigos, colegas diretores que trabalharam com ela, todos em trajes de festa e muito felizes.
Correm para cumprimentá-la, beijam-na e se lembram dos bons tempos. Jogam uma agradável partida de golfe; mais tarde jantam juntos num clube muito bonito e se divertem contando piadas e dançando. O Diabo, então, era um anfitrião de primeira classe, elegante, charmoso, muito educado e divertido. Ela se sente de tal maneira bem que, antes que se dê conta, já é hora de ir embora. Todos lhe apertam as mãos e se despedem enquanto ela entra no elevador. O elevador sobe, sobe, sobe e ela se vê novamente na porta de paraíso, onde São Pedro a espera.
- Agora é hora de visitar o céu.
Assim, nas 24 horas seguintes, a mulher se diverte pulando de nuvem em nuvem, tocando harpa e cantando. É tudo tão bonito e tão sereno, que, quando percebe as 24 horas se passaram e São Pedro vai buscá-la.
- Então, passou um dia no inferno e outro no paraíso. Agora você deve escolher sua eternidade.

A mulher pensa um pouco e responde:
- Senhor, o paraíso é maravilhoso, mas penso que vou me sentir melhor no inferno, com todos os meus amigos e aquela intensa vida social.
Assim, São Pedro a acompanha até o elevador, que outra vez desce, desce, desce, até o inferno. Quando as portas do elevador se abrem ela depara com um deserto, inóspito, sujo, cheio de desgraças e coisas ruins. Vê todos os seus amigos vestindo trapos, trabalhando como escravos, aguilhoados por diabos inferiores, que estão recolhendo as desgraças e colocando-as dentro de bolsas pretas.

O diabo se aproxima e conduz a mulher pelo braço, com brutalidade.
- Não entendo – balbucia a mulher. Ontem eu estava aqui e havia um campo de golfe, um clube, comemos lagostas e caviar e dançamos e nos divertimos muito. Agora tudo o que existe é um deserto cheio de lixo e todos os meus amigos parecem uns miseráveis.
O diabo olha para ela e sorri.
- Ontem estávamos te contratando. Hoje você faz parte da equipe."  

Autor desconhecido

terça-feira, 12 de junho de 2012

FELIZ DIA DOS NAMORADOS


´´O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.´´
Carlos Drummond de Andrade






´´ Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar, senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?´´
Fernando Pessoa

Para refletir


´´Ela não quer ver a Verdade.
Dói menos. É mais fácil não vê-la.
E ela teria que tomar decisões...

O que ela não sabe é que a Verdade,
mesmo não sendo vista, está lá. 
Matando-a aos poucos, todos os dias.´´

Clarice Lispector




PENSATAS



O LAÇO E O ABRAÇO


"Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita. Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços. E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.  
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando viram nó, já deixou de ser um laço!"

Autor desconhecido

terça-feira, 5 de junho de 2012

Você emite luz ou dá choque?


Somos como a eletricidade. Temos dentro de nós uma fonte de energia, produzida por nossas emoções. Assim como a energia da água represada e canalizada produz a eletricidade que gera luz, nós também podemos canalizar as energias de nossas emoções, tanto negativas quanto positivas, para um ideal e assim gerar luz ao mundo.

Entretanto, assim como a eletricidade mal usada provoca choque, se não soubermos canalizar nossas emoções, deixando-as desordenadas dentro de nós, ficaremos tensos, irritados, e também começaremos a dar choque.

Para que a eletricidade chegue ao seu destino gerando luz, ela precisa ser direcionada através de um fio condutor. Se não houver esse fio, ela não chegará a lugar algum. Assim também acontece conosco. Para que nossa energia interior seja aproveitada positivamente, precisamos canalizá-la, direcionando nossos pensamentos para a meta que desejamos alcançar.

Nota: Se você não canalizar suas emoções para as metas que traçou, suas energias serão desperdiçadas e você poderá dar choque.  

Referência bibliográfica
SALETTE, Maria; RUGGERI, Wilma. Sem segredos e Cem chaves para que sua vida se transforme. Editora Verus, 2002. 

O efeito do divórcio nas diferentes fases do ciclo de vida familiar

Após falar dos estágios que definem o processo de ajustamento frente ao divórcio, achei que seria importante clarear o grau de desequilíbrio que o divórcio cria nas diferentes fases do ciclo de vida familiar,  segundo Peck e Manocherian. Então, exponho cada fase com suas características.

O divórcio em casais recém-casados (sem filhos)
Nessa fase do ciclo de vida, o divórcio produz a menor ruptura, já que menos pessoas estão envolvidas, papéis menos perceptíveis apareceram, os laços sociais criados enquanto casal foram menores e as tradições estabelecidas foram reduzidas. Com a ausência de filhos, é totalmente diferente o processo de redefinições de papéis, já que o casal não tem de fato nenhuma razão que os mantenha juntos, a não ser a própria escolha. O recomeço é menos doloroso uma vez que a referência da vida de solteiro ainda está bem recente e presente. 

O divórcio nas famílias com filhos pequenos
Este ciclo de vida familiar apresenta o maior risco de divórcio. Nesta fase os filhos são bastante afetados, variando com suas respectivas idades. Depois que o casal tem filhos é preciso fazer “a transição de redefinir o seu relacionamento, de assumir o papel de cuidador e de realinhar-se com a família, amigos e comunidade.” 


Famílias com filhos em idade pré-escolar
Os filhos que estão na pré-escola se encontram na fase do desenvolvimento em que o afastamento de casa em direção à escola e aos amigos está se iniciando. O senso de moralidade está no início e somada a dificuldade em distinguir a realidade da fantasia de seus pensamentos, ficam mais vulneráveis à culpa e à confusão. 

Wallerstein e Kelly, citados por Peck e Manocherian (1995), afirmam que os filhos podem regredir em seu desenvolvimento de várias maneiras: ansiedade de separação, transtorno do sono, molhar a cama, apego excessivo, medo de qualquer saída, fantasias agressivas. Estas manifestações da criança e a reação dos pais a estas manifestações podem interferir no desenvolvimento da identidade sexual destas, tornando-se vulnerável a atuação sexual na adolescência. O divórcio é difícil para os pais e para os filhos, mas de maneiras completamente diferentes. “Os pais que estão lutando com seus próprios sentimentos de fracasso, raiva, culpa e perda têm dificuldades em proporcionar um ambiente estabilizador, consistente, para seus filhos”. (PECK; MANOCHERIAN, 1995).

Para as mulheres, sejam elas donas de casa, ou trabalhando fora de casa, assumir os filhos sozinha é intensamente estressante. Quando há dificuldades financeiras envolvidas fica ainda mais difícil, e elas acabam se sentindo infelizes, frustradas, ansiosas, incompetentes, aprisionadas e angustiadas pela angústia de seus filhos. A relação entre as mães que possuem a guarda e seus filhos é intensa e inicialmente difícil, principalmente no primeiro ano. As mães donas de casa precisam lidar com o isolamento de cuidar sozinha de seus filhos, as que trabalham ficam sobrecarregadas, sem energia ou recursos para qualquer vida fora do trabalho e do lar. Com todos esses fatores combinados, o relacionamento das mães com seus filhos fica estressado. Pelo final do segundo ano, a vida volta a se organizar, estabelecem-se novos padrões e rotinas e as mães ficam mais disponíveis para os filhos.

Peck e Manocherian (1995) afirmam que para os homens que perdem o contato cotidiano com seus filhos, o divórcio é doloroso. Muitos pais se sentem inadequados para o papel de cuidador de uma criança, e por sentirem-se perdidos, se afastam do relacionamento. Assim, sentem-se menos conectados com os filhos, os quais, consequentemente, os experienciam como pais distantes. Sem um contato constante com crianças muito pequenas, não se cria um vínculo. Existe uma tendência de o pai ser excluído ou excluir-se da família, e de se criar uma fronteira em torno da mãe e dos filhos. Com a alienação do pai, a mãe fica sobrecarregada, o que cria mais angústia e disfunção familiar para todos os participantes. Por isso, muitos homens recorrem a pessoas próximas, como seus pais e namoradas, para auxiliarem no cuidado dos filhos. 

Para que a reorganização e redefinição comecem, os pais precisam conversar com os filhos sobre a separação iminente. Assim, os filhos podem exprimir suas emoções.

Famílias com filhos na idade da escola fundamental
De acordo com Peck e Manocherian (1995), o divórcio possui um impacto maior para os filhos que o vivenciam na idade da escola fundamental. Peck e Manocherian apontam que as crianças de seis a oito anos são suficientemente crescidas para perceberem o que está acontecendo, mas ainda novas para ter condições de lidar com o rompimento. Elas muitas vezes sentem-se responsáveis, e experimentam sensações de pesar, tristeza e saudade do progenitor que partiu. “Ao mesmo tempo, elas têm fantasias recorrentes de reconciliação e frequentemente pensam que têm o poder de fazer isso acontecer”. (PECK;MANOCHERIAN, 1995, p. 306).

Alguns filhos são levados a assumir papéis paternos, tendo para si responsabilidades que não estão preparados para lidar. Isso pode ser disfuncional e levá-los a manifestar problemas escolares ou de relacionamentos. 
Quando os filhos são mais velhos na época do divórcio, fica mais fácil para o pai estabelecer um papel paterno verdadeiro, já que ele conhece a personalidade dos filhos e isso contribui para o relacionamento. 

O divórcio nas famílias com adolescentes
A adolescência é um estágio da vida em que muitas mudanças físicas e emocionais estão acontecendo. O adolescente está iniciando seu processo de sair de casa, formando sua própria identidade, separada de seus pais. Nesta fase, é importante uma nova definição dos filhos dentro da família e do papel dos pais em relação aos filhos. As fronteiras precisam ser mais permeáveis. 

Nesse período os pais já não são mais uma autoridade máxima, mas ainda assim os filhos precisam da estabilidade que eles representam. 

O adolescente está oscilando entre o depender e o não depender, sempre testando o limite. Por ser uma fase instável, a reação dos adolescentes ao divórcio dos pais é com freqüência expressada através de sentimentos de raiva, desejo de um lar estável e fronteiras bem definidas entre eles e os pais, principalmente no que compete à sexualidade deles. Como o divórcio ameaça essa base, os adolescentes ficam zangados com as mudanças. Alguns não querem pensar na vida dos pais, outros querem apressar seu crescimento, e há ainda os que pensam que não poderão partir. 

O divórcio nas famílias com filhos sendo lançados
Como a expectativa de vida das pessoas aumentou, esta fase do ciclo de vida familiar ficou maior. O divórcio nessa fase, depois de um longo casamento, pode ser um tumulto. O casamento pode se tornar vulnerável, pois os filhos já não são mais o foco do casal. A saída de casa dos filhos pode levar a um rearranjo do casamento, levando à decisão dos pais em se divorciarem. Os filhos podem estabelecer uma relação bem definida com cada um dos pais, mas o divórcio pode ser estressante para estes jovens adultos pela crescente responsabilidade por seus pais e pelo conflito de lealdade. É comum a raiva voltar-se ao pai, mesmo que ele não tenha iniciado o divórcio, mas por ter deixado a mãe sob seus cuidados. 

Os filhos podem viver um sentimento de perda da vida familiar, de abandono pelos pais e uma preocupação em relação ao próprio casamento. Pode acontecer também dos pais se agarrarem aos filhos como cônjuges substitutos, afetando a capacidade dos filhos em seguir em frente com suas próprias vidas. 

O divórcio na família no estágio tardio da vida
Neste estágio da vida o divórcio reverbera em toda família de forma exagerada. Atinge três gerações: o próprio casal, os filhos e os netos. E até mesmo os amigos. As pessoas identificam-se com os papéis que emergiram do casamento, e isto agora têm de ser redefinido. A reação dos filhos é fundamental no ajustamento ao divórcio. Os pais querem envolver-se novamente com os filhos e esses podem sentir-se sobrecarregados. Começar uma nova vida de solteiro nessa fase é muito difícil, principalmente por as identidades estarem ligadas ao casamento. A solidão surge como um grande agravante. O apoio emocional talvez tenha de vir de fora da família, já que provavelmente seus pais já morreram e seus filhos estão envolvidos com suas próprias vidas. 

Referência bibliográfica:

- PECK, Judith Stern; MANOCHERIAN, Jennifer R. O divórcio nas mudanças do ciclo de vida familiar. In: CARTER, Betty; MCGOLDRICK, Monica. (Org.) As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 






PENSATAS



Os cincos estágios vividos durante o processo do divórcio

Desculpem a ausência, mas por questões pessoais tive que me ausentar temporariamente. Mas, vamos ao que interessa. Fiquei de postar os cincos estágios que caracterizam o processo de ajustamento frente ao divórcio. Então, aí está:

No primeiro estágio, o da cognição individual, ao menos um dos cônjuges está considerando o divórcio e iniciando a processo de separação emocional. Esse estágio é caracterizado por estresse aumentado, brigas, acusações e culpa e remorso para aquele que o inicia. Pode existir um caso amoroso que contribui para a tomada de decisão. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995). 

No segundo estágio, nomeado metacognição familiar, ainda em um momento pré-separação, a decisão é revelada. É um momento de grande sofrimento para a família, podendo ser o momento de maior desequilíbrio. Uma família que maneja bem essa situação pode alcançar um divórcio baseado em decisões bem refletidas. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995).

No terceiro estágio, acontece a separação do sistema, que é a separação concreta. Este é um momento difícil para toda a família, o resultado depende muito de como a família lidou com os estágios anteriores. Quanto mais reativa a família, maior a crise. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995). Peck e Manocherian (1995) afirmam que com o passar do tempo a raiva, que permanece por mais tempo, e o apego diminuem. São vários os sentimentos experienciados: desamparo, falta de controle sobre os eventos da vida, incompetência social e sexual, perda, solidão, necessidades de dependência frustradas e problemas de identidade.

O apoio da família de origem e da rede de amigos contribui fundamentalmente para o ajustamento dos homens e das mulheres. Amigos casados apóiam inicialmente, depois diminuem seu apoio, principalmente no caso das mulheres. Há, entretanto, pessoas que preferem se afastar dos amigos, quando mais precisam de apoio. Sem uma rede de apoio o ajustamento fica mais difícil. Um fator complicador são os laços de lealdade dos amigos com o outro cônjuge, assim como a desaprovação ou cansaço de escutarem a mesma coisa. O ajustamento tende a ser mais rápido quando existe uma interação social. (PECK; MANOCHERIAN, 1995). 

O quarto estágio, a reorganização do sistema, envolve o processo de impor as novas fronteiras. Novas regras e padrões devem ser desenvolvidos, pois os papéis, as fronteiras, a associação, a estrutura hierárquica, assim como os hábitos e rotinas da vida mudaram. A reorganização é um grande desafio, pois hábitos que eram certos, não o são mais. Os papéis, as fronteiras, as associações e estruturas hierárquicas mudam, afetando todos os subsistemas da família. Na ausência de normas ou apoio sociais, as mudanças podem aumentar o estresse na realização de transações. É difícil para o casal ajustar os laços interdependentes que ainda existem entre eles como pais, pois existem poucos modelos para orientá-los. Torna-se ainda mais difícil, pois qualquer comunicação se torna suspeita, podendo ser uma forma de “agarrar-se” ao outro. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995).

Preocupações financeiras aumentam a crise, se tornando uma preocupação para a maioria dos casais que se divorciam, independente do nível salarial. É comum após o divórcio os homens declararem que estão bem financeiramente e as mulheres dizerem que estão piores do que antes. A maioria das mulheres não está preparada financeiramente para o divórcio, principalmente as que estão muito tempo sem trabalhar ou jamais trabalharam e as que têm filhos pequenos. (PECK; MANOCHERIAN, 1995).

O quinto e último estágio, o estágio da redefinição do sistema, inicia quando a família consegue resolver as demandas dos estágios anteriores e atinge uma nova autodefinição. Essa fase é muito importante, já que quando os ex-cônjuges conseguem manter um relacionamento cooperativo a família se restabiliza mais rapidamente e efetivamente. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995).

O divórcio, sendo uma crise no ciclo de vida familiar, cria um desequilíbrio para todas as pessoas. Entretanto, o grau de afetação na família depende da fase do ciclo de vida familiar em que se deu o divórcio, assim como de outros fatores relacionados como contexto étnico, social e econômico da família. (PECK; MANOCHERIAN, 1995).


Referências bibliográficas:

- PECK, Judith Stern; MANOCHERIAN, Jennifer R. O divórcio nas mudanças do ciclo de vida familiar. In: CARTER, Betty; MCGOLDRICK, Monica. (Org.) As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.