terça-feira, 5 de junho de 2012

Os cincos estágios vividos durante o processo do divórcio

Desculpem a ausência, mas por questões pessoais tive que me ausentar temporariamente. Mas, vamos ao que interessa. Fiquei de postar os cincos estágios que caracterizam o processo de ajustamento frente ao divórcio. Então, aí está:

No primeiro estágio, o da cognição individual, ao menos um dos cônjuges está considerando o divórcio e iniciando a processo de separação emocional. Esse estágio é caracterizado por estresse aumentado, brigas, acusações e culpa e remorso para aquele que o inicia. Pode existir um caso amoroso que contribui para a tomada de decisão. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995). 

No segundo estágio, nomeado metacognição familiar, ainda em um momento pré-separação, a decisão é revelada. É um momento de grande sofrimento para a família, podendo ser o momento de maior desequilíbrio. Uma família que maneja bem essa situação pode alcançar um divórcio baseado em decisões bem refletidas. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995).

No terceiro estágio, acontece a separação do sistema, que é a separação concreta. Este é um momento difícil para toda a família, o resultado depende muito de como a família lidou com os estágios anteriores. Quanto mais reativa a família, maior a crise. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995). Peck e Manocherian (1995) afirmam que com o passar do tempo a raiva, que permanece por mais tempo, e o apego diminuem. São vários os sentimentos experienciados: desamparo, falta de controle sobre os eventos da vida, incompetência social e sexual, perda, solidão, necessidades de dependência frustradas e problemas de identidade.

O apoio da família de origem e da rede de amigos contribui fundamentalmente para o ajustamento dos homens e das mulheres. Amigos casados apóiam inicialmente, depois diminuem seu apoio, principalmente no caso das mulheres. Há, entretanto, pessoas que preferem se afastar dos amigos, quando mais precisam de apoio. Sem uma rede de apoio o ajustamento fica mais difícil. Um fator complicador são os laços de lealdade dos amigos com o outro cônjuge, assim como a desaprovação ou cansaço de escutarem a mesma coisa. O ajustamento tende a ser mais rápido quando existe uma interação social. (PECK; MANOCHERIAN, 1995). 

O quarto estágio, a reorganização do sistema, envolve o processo de impor as novas fronteiras. Novas regras e padrões devem ser desenvolvidos, pois os papéis, as fronteiras, a associação, a estrutura hierárquica, assim como os hábitos e rotinas da vida mudaram. A reorganização é um grande desafio, pois hábitos que eram certos, não o são mais. Os papéis, as fronteiras, as associações e estruturas hierárquicas mudam, afetando todos os subsistemas da família. Na ausência de normas ou apoio sociais, as mudanças podem aumentar o estresse na realização de transações. É difícil para o casal ajustar os laços interdependentes que ainda existem entre eles como pais, pois existem poucos modelos para orientá-los. Torna-se ainda mais difícil, pois qualquer comunicação se torna suspeita, podendo ser uma forma de “agarrar-se” ao outro. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995).

Preocupações financeiras aumentam a crise, se tornando uma preocupação para a maioria dos casais que se divorciam, independente do nível salarial. É comum após o divórcio os homens declararem que estão bem financeiramente e as mulheres dizerem que estão piores do que antes. A maioria das mulheres não está preparada financeiramente para o divórcio, principalmente as que estão muito tempo sem trabalhar ou jamais trabalharam e as que têm filhos pequenos. (PECK; MANOCHERIAN, 1995).

O quinto e último estágio, o estágio da redefinição do sistema, inicia quando a família consegue resolver as demandas dos estágios anteriores e atinge uma nova autodefinição. Essa fase é muito importante, já que quando os ex-cônjuges conseguem manter um relacionamento cooperativo a família se restabiliza mais rapidamente e efetivamente. (AHRONS citado por PECK; MANOCHERIAN, 1995).

O divórcio, sendo uma crise no ciclo de vida familiar, cria um desequilíbrio para todas as pessoas. Entretanto, o grau de afetação na família depende da fase do ciclo de vida familiar em que se deu o divórcio, assim como de outros fatores relacionados como contexto étnico, social e econômico da família. (PECK; MANOCHERIAN, 1995).


Referências bibliográficas:

- PECK, Judith Stern; MANOCHERIAN, Jennifer R. O divórcio nas mudanças do ciclo de vida familiar. In: CARTER, Betty; MCGOLDRICK, Monica. (Org.) As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 




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