terça-feira, 24 de julho de 2012

A influência do conflito parental no processo de adaptação dos filhos ao divórcio.


Para Souza o nível de conflito parental é um fator significativo para a adaptação dos filhos e para o relacionamento pais-filhos. Separações litigiosas, falta de diálogo e o não-cumprimento das combinações que envolvem os filhos dificultam o processo do divórcio dos pais. A retomada do desenvolvimento dos filhos está associada à constatação de que a separação que se efetivou é conjugal e não parental. (HACK; RAMIRES, 2010).

Féres-Carneiro, Dantas; Jablonski e Féres-Carneiro compartilham do pensamento de que o comportamento dos pais influencia no processo de adaptação dos filhos frente à situação do divórcio. A situação mais penosa para os filhos é aquela em que as mães estão insatisfeitas com os pais, embora ele visite os filhos frequentemente. Pode existir certa ambivalência na postura das mães: por um lado, elas exigem que os pais participem mais ativamente e responsavelmente na educação dos filhos, por outro, existe uma resistência em deixá-los agir. O ideal é que haja encontro freqüente do filho com o pai e que a mãe esteja satisfeita. (DANTAS; JABLONSKI; FÉRES-CARNEIRO, 2004).

A dificuldade das mães em lidar com o divórcio, até mesmo pelo próprio processo de desvincular-se do relacionamento, pode contribuir para dificultar o convívio entre pai e filho, a partir de uma interferência da mãe. (DANTAS; JABLONSKI; FÉRES-CARNEIRO, 2004). “O pior conflito que os filhos podem vivenciar, na situação da separação dos pais, é o conflito de lealdade exclusiva, quando exigida por um ou por ambos os pais.” (FÉRES-CARNEIRO, 1998).

Féres-Carneiro, Ponciano e Magalhães (2007) pontuam que independente da configuração familiar, a família continua a existir como um grupo afetivo. O término do
casamento põe fim ao casal, e não ao papel dos pais. Os filhos são diretamente influenciados pelo comportamento dos pais, no que diz respeito tanto ao modo como se comportam em relação a eles, quanto pela maneira como se relacionam com seus ex-cônjuges. Assim, o filho que se vê colocado no meio das brigas dos pais pode, em algum momento, ficar confuso por não saber de quem deve tomar partido ou em quem pode confiar. (DANTAS; JABLONSKI; FÉRESCARNEIRO, 2004).


Brito destaca em sua pesquisa que aqueles filhos que se sentiram como joguetes nas mãos dos pais, vivenciaram um grande mal estar. O bom relacionamento dos pais promove tranqüilidade e segurança nos filhos, sendo fundamental levar em consideração a relação entre os pais, quando se almeja o bem estar dos filhos. (DANTAS; JABLONSKI; FÉRES-CARNEIRO, 2004). Ramires ressalta que o tipo de vínculo que as crianças estabelecem com seus pais é um importante fator de resiliência no enfrentamento das transições familiares. Para Souza a existência do vínculo seguro entre as crianças e pelo menos uma pessoa significativa é um fator que pode contribuir com grande significância na proteção e fortalecimento da resiliência na criança.

Sendo assim, discorro sobre a resiliência familiar e aponto-a como uma possível saída para a superação do divórcio dos pais. Você sabe o que é resiliência? Falarei sobre isso ao longo dessa semana.


Referências bibliográficas:

SOUZA, Rosane. Depois que papai e mamãe se separaram: um relato dos filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 203-211, Set-Dez. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010237722000000300003&script=sci_abstract&tlng=pt>. 

HACK, Soraia Maria Pandolfi Koch; RAMIRES, Vera Regina Rohnelt. Adolescência e divórcio parental: continuidades e rupturas dos relacionamentos. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 85-97, 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pc/v22n1/a06v22n1.pdf>.

FÉRES-CARNEIRO, Terezinha. Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 11, n. 2, 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721998000200014&lng=pt&nrm=iso&tl> .

DANTAS, Cristina; JABLONSKI, Bernardo; FÉRES-CARNEIRO, Terezinha. Paternidade: considerações sobre a relação pais-filhos após a separação conjugal. Paidéia, Rio de Janeiro, v.14, n. 29, p. 347-357, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v14n29/10.pdf>.

FÉRES-CARNEIRO, Terezinha; PONCIANO, Edna Lúcia Tinoco; MAGALHÃES, Andréa Seixas. Família e casal. In: CERVENY, Ceneide. Família em movimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. Cap. 1, p. 23-36.

BRITO, Leila Maria Torraca. Família pós-divórcio: a visão dos filhos. Psicologia Ciência e Profissão, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 32-45, 2007. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=501929&indexSearch=ID>.

SOUZA, Marilza Terezinha Soares de. Família e resiliência. In: CERVENY, Ceneide Maria de Oliveira (Org.). Família e... comunicação, divórcio, mudança, resiliência, deficiência, lei, bioética, doença, religião e drogadição. São Paulo: Casa do Psicólogo,2004. Cap. 4, p. 53-84.





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