sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O desafio dos relacionamentos



Uma das maiores alegrias da vida vem dos nossos relacionamentos com os outros. Ao mesmo tempo, os relacionamentos podem também apresentar nossos maiores desafios, oferecendo inúmeras maneiras de crescer e de nos conhecer melhor. Para experienciar harmonia em nossos relacionamentos, devemos aprender a ver e amar o divino nos outros, e a compreender que relacionamentos duradouros resultam de ser a pessoa certa, e não de se encontrar a pessoa certa. 

Um princípio espiritual básico é o de que a unidade é a única coisa que existe. Somos todos um com todos os outros e com tudo que encontramos. Em vez de tentar mudar ou "consertar" alguém a quem vemos como fonte de nossos problemas e dificuldades, podemos lembrar o que essa pessoa realmente é. Em vez de focar na aparência e no comportamento - peculiaridades, idiossincrasias, roupas, estilo de cabelo - podemos olhar para o outro com o seguinte pensamento: "Esta é uma alma, filha de Deus. Este ser humano é uma expressão do infinito". 

Ao fazer isso, adquirimos maior compreensão e uma perspectiva desapegada: "Esta pessoa possui sentimentos, assim como eu. Ela tem pensamentos e opiniões, aspirações e sonhos que são tão importantes para ela quanto os meus são para mim. A força viva de Deus nessa pessoa está se manifestando em sua personalidade e nos serviços que ela executa - nas coisas que ela faz por mim, na maneira como trata  os outros, em seu modo de ser. Porque eu sei quem sou: um divino filho de Deus que já possui tudo, e portando pode aceitar e ver a divindade nos outros". 

À medida que absorvemos essa imagem superior de quem somos, seguem-se inúmeros benefícios. Quando você parte da percepção de que é um ser espiritual, já não se relaciona mais consigo mesmo como uma criatura cujas satisfações vêm somente dos prazeres físicos. Você para de se relacionar com os outros em termos da aparência física que eles têm. Como sabe que seu valor deriva do ser eterno dentro de você, e como percebe de que esse mesmo ser vive nos corações de todos com respeito, gentileza e amor, não importa as circunstâncias. 

Essa mudança de atitude a respeito dos relacionamentos é um dos mais agradáveis benefícios da experiência espiritual, embora traga enormes responsabilidades. A fim de vermos a nós mesmos em tudo, devemos nos desapegar de nosso próprio ego; caso contrário nós nos envolveremos emocionalmente nos problemas das outras pessoas e perderemos de vista nossa unidade com o espírito.       

Você deve praticar o desapego se quiser criar relacionamentos duradouros e harmoniosos. Ser espiritualmente desapegado significa ser capaz de abrir mão de nossas necessidades e preferências. Sem esse desapego você não consegue evitar manipular as outras pessoas, o que cria conflito em seus relacionamentos. 

A paz surge da prática contínua do desapego - em casa, no trabalho, com amigos e parentes, e especialmente com pessoas difíceis. A pessoa espiritualmente desapegada não deixa o relacionamento se degenerar até se transformar em um jogo de estímulo e resposta. O teste é simples: mesmo que você esteja chateado ou zangado comigo, eu consigo permanecer calmo, amoroso e gentil com você e lhe ajudar a vencer a raiva? Se você persistir em continuar zangado comigo, consigo ainda ser amoroso com você?

A aversão pelas pessoas é na verdade um reflexo de nós, não daqueles de quem não gostamos. Tendemos a ver os outros não como realmente são, mas como somos. Nossos relacionamentos são sempre espelhos, refletindo algum aspecto de nós mesmos. Esse é o modo do espírito dizer:"olhe para o que podemos aprender a respeito de nós mesmos."

Preste muita atenção quando um padrão ou um comportamento particular se refletir em você vindo de três ou mais pessoas diferentes, pois então você pode ter certeza de que aí está algo que é preciso verificar. Para uma pessoa zangada, todo mundo parece zangado e cheio de hostilidade. Para uma pessoa desconfiada, todo mundo parece suspeito. Para uma pessoa amorosa e terna, todo mundo merece amor, toda ocasião é uma oportunidade para oferecer perdão e ver o melhor nas outras pessoas. 

Não estou dizendo que, se você é amoroso e desapegado, nunca experimentará dificuldades nos relacionamentos. As pessoas ainda ficarão zangadas com você ou deixarão de tratar-lhe de maneira gentil. E com pessoas que nos tratam de maneira indelicada ou desrespeitosa, precisamos olhar mais firmemente para ver o divino nelas. Pode haver também relacionamentos doentios e abusivos. Nesses casos,você geralmente precisará se retirar enquanto ambos procuram ajuda. Ainda assim, você pode amar aquela pessoa e colocá-la nas mãos de Deus; você não tem que amar o comportamento dela.

Você verá que, com a prática e o comprometimento com a sua própria divindade, as pessoas começam a se aproximar, mesmo que devagar. Estar próximo de alguém amoroso, gentil, terno e pacífico suaviza o coração dos outros. Quando trazemos para um relacionamento a percepção da nossa divindade e mantemos nossos corações abertos, é impressionante como as pessoas mudam de atitude conosco. 



Se queremos viver em harmonia com os outros, não devemos tratar as pessoas como objetos em nosso ambiente, mas como seres humanos filhos de Deus, que têm valor e merecem amor e paz. Certa vez ouvi Buckminster Fuller dizer: "Pessoas que têm imagem rígidas dos outros pensam em si e nos outros como substantivos, como coisas. Aquelas que mantêm a percepção da unidade e que se esforçam para atender e apreciar os outros cada vez mais, o tempo inteiro, comportam-se como verbos - entusiásticas, abertas, ativas, criativas, capazes de mudar e de operar mudanças no mundo. Elas têm uma meta em mente: identificar e remover todos os obstáculos à percepção da presença de Deus em tudo, inclusive em si e nos outros.          


Referência Bibliográfica

Susan Smith Jones é PhD, escritora e palestrante norte-americana. 


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