sexta-feira, 11 de maio de 2012

Casamento: o que é isso, afinal? Parte 1


Quando um casal decide se casar, cada cônjuge leva para o casamento uma bagagem emocional, sócio-cultural e econômica de suas famílias de origem. Comumente, o homem terá expectativas e desejos diferentes da mulher, mas ambos estarão iniciando uma experiência igualmente nova. Assim, em uma visão ideal, a formação de uma nova família e os eventos marcantes do ciclo de vida familiar acontecerão de forma gradativa. 

Entretanto, as mudanças que vêm ocorrendo no que diz respeito à família têm alterado o lugar do casamento no quadro do ciclo de vida familiar. McGoldrick observa que, nos Estados Unidos, os casais iniciam a vida sexual mais cedo e casam-se cada vez mais tarde. Muitos jovens têm optado por morar junto antes de partir para uma união formal. Na verdade, mais da metade dos casamentos são precedidos por um período de co-habitação. No que diz respeito ao ciclo de vida, o casamento, que já representou um marco de transição para a vida adulta, hoje reflete uma continuidade desta etapa, visto que o nascimento dos filhos está sendo adiado cada vez mais, principalmente nas camadas médias e altas da população.

McGoldrick (1995) coloca o dilema existencial de tornar-se um casal como sendo, provavelmente, o maior entre os demais do ciclo vital. Isto atribuído ao fato do casamento ser a única relação familiar que juramos ser “exclusiva” e “para sempre”, embora seja a relação onde exista a menor probabilidade do juramento ser cumprido. Outra questão que pode se pensar é que em nossa cultura os ideais de realização pessoal e autonomia são bastante valorizados e não se adequam ao ideal de casamento, que por definição não é uma união livre, mas um compromisso. (Willi citado por Travis, 2003)

Em contraponto, estatísticas epidemiológicas demonstram que as pessoas casadas apresentam melhores resultados em pesquisas sobre distúrbios psíquicos ou somáticos, índice de mortalidade, doenças psicossomáticas, drogas, alcoolismo, número de infartos, suicídios, etc, do que as pessoas divorciadas ou viúvas. Nos resultados de pesquisas sobre satisfação com a própria vida, dedicação e sucesso profissional, as pessoas casadas também aparecem melhor situadas do que aquelas sem parceiros. Percebe-se um grande paradoxo em relação ao casamento: ao mesmo tempo em que ele representa um cerceamento da liberdade, ele promove um estado físico e psíquico aparentemente melhor.(Willi, citado por Travis, 2003)

Referências bibliográfica

- Mcgoldrick, Monica. Em: Carter, Betty; Mcgoldrick, Monica. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia de família. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.  
- Travis, Susan. Construções familiares: um estudo sobre a clínica do recasamento. Departamento de Psicologia. 2003. Tese (Doutorado).


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