domingo, 27 de maio de 2012

A MULHER DE CADA SIGNO


Já disse anteriormente - no texto “Conto de fadas da mulher moderna” - que para a escritora Féres-Carneiro o divórcio não significa a descrença no casamento, significa uma busca por uma relação mais satisfatória.

Creio que Vinicius de Morais, um dos maiores poetas brasileiros, também pensava assim. Afinal, Vinícius foi casado nove vezes, o que lhe rendeu a fama de grande conquistador. Além de poeta, diplomata, dramaturgo, jornalista e compositor brasileiro, ele também era um entendedor das mulheres, e prova isso ao descrever as mulheres de cada signo com sensibilidade e delicadeza.

A mulher de Áries

Branca, preta ou amarela
A ariana zela.
Tem caráter dominador
Mas pode ser convencida
E aí, então, fica uma flor:
Cordata... e nada convencida.
Porque o seu denominador
É o amor:
Eu cá por mim não tenho nenhum
Preconceito racial:
Mas sou ariano.

A mulher de Touro

O que é que brilha sem ser ouro?
A mulher de Touro.
É a companheira perfeita
Quando levanta ou quando deita
Mas é mulher exclusivista
Se não tem tudo, faz a pista.
Depois, que dona de casa...
E a noite ainda manda brasa.
Sua virtude: a paciência
Seu dia bom: a sexta-feira
Sua cor propícia: o verde
As flores de seus pendores:
Rosa, flor de macieira.

A mulher de Gêmeos

A mulher de Gêmeos
Não sabe o que quer
Mas tirante isso
É boa mulher.
A mulher de gêmeos
Não sabe o que diz
Mas tirante isso
Faz o homem feliz
A mulher de Gêmeos
Não sabe o que faz
Mas tirando isso é boa demais.

A mulher de Câncer

Você nunca avance
Em mulher de Câncer.
Seu planeta é a Lua
E a Lua, é sabido
Só vive na sua.
É muito apegada
E quando pegada
Pega da pesada.
É mulher que ama
Com muito saber
No tocante a cama
Não sei lhe dizer...

A mulher de Leão

A mulher de Leão
Brilha na escuridão.
A mulher de Leão, mesmo sem fome
Pega, mata e come.
A mulher de Leão não tem perdão
As mulheres de Leão
Leoas são.
Poeta, operário, capitão
Cuidado com as mulheres de leão!
São ciumentas e antagônicas
Solares e dominicais
Ígneas, áureas e sardônicas
E muito, muito liberais.

As mulheres de Virgem

Se Florence Nightingale era Virgem
Não sei... mas o mal é de origem.
A mulher de Virgem aceita a amante.
Isto é: desde que não a suplante.
Sexo de consumo, pães-de-minuto
Nada disso lhe há de faltar.
O condomínio é absoluto
A Virgem é mulher do lar.
Opala, safira, turquesa.
São suas pedras astrais
Na cuca muita esperteza
Na existência, muita paz.

A mulher de Libra

A mulher de Libra
Não tem muita fibra
Mas vibra.
Quer lhe ver contente?
Dê-lhe um presente.
Quando o marido a trai
A mulher de Libra
Balança mas não cai.
Se você a paparica
Ela fica.
Com librium ou sem librium
Salve, venusina
Que guarda o equilíbrio
Na corda mais fina.

A mulher de Escorpião

A mulher de Escorpião
Comigo não!
É a abelha mestra
É a viúva negra
Só vai de vedete
Nunca de extra.
Cria o chamado conflito
De personalidades.
É mãe tirana.
Mulher tirana.
Filha tirana .
Neta tirana.
Tirana tirana
Agora, de cama diz
Que é boa paca.

A mulher de Sagitário

As mulheres sagitarianas
São abnegadas e bacanas.
Mas não lhe venham com grossuras
Nem injustiças ou censuras
Porque ela custa mas esquenta
E pode ser muito violenta
Aí, o homem que se cuide...
- Também, quem gosta de censura!

A mulher de Capricórnio

A mulher de Capricórnio é capricornial
Como a cabra de João Cabral
Eu ano a mulher de Capricórnio
Por que ela nunca lhe põe Os próprios.
A caprina é tão ciumenta
Que até ciúmes ela inventa.
Mulher fiel está aí: e cabra
Só que com muito abracadabra.
Suas flores: a papoula e a cânhamo
De onde vem o ópio e a maconha
Ela é uma curtição medonha
Por isso nos capricorniamos. 

A mulher de Aquários

Se o que se quer é a boa esposa
A aquariana pousa.
Se o que se quer é outra coisa
A aquariana ousa.
Se o que se quer é muito amor
A aquariana
É mulher macho sim senhor.
Porém não são possessivas
Nem procuram dominar
Ou são meigas e passivas
Ou botam pra quebrar. 

A mulher de Peixe

Mulher de peixe, peixe é
Em águas paradas não da pé
Porque desliza como a enguia
Sempre que entra numa fria.
Na superfície é sinhazinha
E festiva como a sardinha
Mas quando fisga um namorado
Ela está frito, escabechado.
É uma mulher tão envolvente,
Que na questão do Paraíso
Há quem suspeite seriamente
Que ela era a mulher e a serpente.
Seu id: aparentar juízo.
Seu ego: a omissão, o orgulho
Sua pedra astral: a ametista
Seu bem: nunca ser bagulho
Sua cor: o amarelo brilhante
Seu fim: dar sempre na vista.

Vinicius de Moraes

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